quarta-feira, 10 de outubro de 2007

"(...)E porque é que o companheiro, saída a porta, ri ás gargalhadas e logo dá a si a palavra de honra de que nunca mais visitará aquele ser esquisito, embora no fundo seja um excelente rapaz e não consiga negar à sua imaginação um pequeno capricho: faz a comparação, distante que seja, da fisionomia do seu interlocutor durante todo o encontro com a imagem de um gatinho desgraçado a quem as crianças manipularam, assustaram e maltrataram de toda a maneira e feitio, aprisionando-o perfidamente, envergonhando-o até mais não, e então o gatinho, conseguindo fugir delas e esconder-se debaixo da cadeira, no escuro, vê-se obrigado a eriçar o pêlo, a bufar e a lavar o focinho ofendido com as duas patas durante uma hora inteira e, depois disso, ainda continua durante muito tempo a olhar com hostilidade a natureza e a vida, e até a guloseima da mesa senhorial que a compassiva governanta guardou para ele?" * Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski

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